Tuesday, April 21, 2009

EDITORIAL: JAC(B)O PASTORIUS

Friedrich Nietzsche, filósofo alemão, escreveu: "sem música, a vida não existiria". Esta frase é emblemática. Minha existência só se tornou real quando ouvi as primeiras notas de "portrait of Tracy" do disco Jaco de 1976. Até aquele momento, verão de 99, eu não tinha muito contato com a música. A relação que havia entre nós era de apatia pura. Música era algo menor. Só me servia para me aproximar das mulheres. Eu já estava tentando entrar numa banda. Mesmo sem saber uma nota, eu fui tentar aprender a tocar um baixo. Você pode ser um péssimo músico, mas a sensação de produzir sons e perceber que faz parte de um grupo é indescritível.

Com a banda, Drugstoreman (nome horrivel, eu sei), eu passei a me dedicar um pouco ao estudo da música. Até que nas férias de verão, 1999, um disco de música instrumental de um músico que nunca ouvi falar chegou na minha mão. "Jaco Pastorius? Quem será esse?".

O disco abre com "Donna Lee" uma versão definitiva para o clássico de Charlie Parker. Depois um funk com "Come on, Come over", passa pelas hipnotizantes "continuun" e "kuru/speak like a child" músicas onde o Jaco mostra toda exuberante técnica. Depois há uma referência ao seu grupo, Weather Report, em "onkonkole Y trompa", uma flerte com a música Latina em "(used to be) cha cha" e, finalmente, um momento soul "Forgotten Love".

Ah, "portait of Tracy". Esta música merece um parágrafo só dela. Quando ouvi as primeiras notas ressoando no ouvido, algo aconteceu que me deixou completamente desconcertado. Fiquei completamente paralisado, nada ao meu redor importava mais. A música quando atinge a alma é avassaladora. Esta canção que foi feita em homenagem a sua esposa é de uma beleza extraordinária e é uma das mais belas declarações de amor – sem o uso de palavras – que eu já ouvi/vi. Eu passei aquele dia de fevereiro ouvindo esta música, dez, cem, mil vezes? Quantidade não importa. O resultado daquela reação é um dos fatos mais marcantes para minha vida. E, depois disso, algo mudou em mim. Minha existência ganhou sentido ali. Mas é, é isso, a mais pura verdade. Como uma pessoa pode viver sem codificar/decodificar os momentos mais importantes da sua vida sem música? A vida é música.

Jaco pastorius (1951-1987) se tornou naquele verão uma das pessoas mais importantes da minha vida. Por ele, eu fiz a primeira versão do blog (2005-2007). Mas o exercício de disponibilizar música instrumental e, é claro, a música produzida pelo Pastorius me foi proibido. Recebi algumas ameaças da APCM, de alguns selos de música instrumental e do próprio blogger. O blog ficou um ano parado. Em março resolvi voltar, com um novo enfoque, mais diversificado e, porque também, eu sou aluno de jornalismo e isso aqui é um bom exercício para a escrita.

Finalmente, pela música eu continuo com o blog. Seja instrumental, rock, samba ou que ritmo for, a música será sempre o norte a ser seguido. Claro, eu vou pôr outros assuntos. Não posso me alienar e me bitolar num só assunto. Tudo é importante e de tudo se faz uma canção. E como escreveu o Nietzsche "sem música, a vida não existiria".


Obs: J.A.B.O são as iniciais do meu nome.

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