Tuesday, June 30, 2009

Discos para gostar de rock progressivo

Rock progressivo é música de velho. É uma coisa anacrônica, deslocada do mundo dinâmico em que vivemos - é o que dizem. Mas... eu gosto. Ouço todos os dias os 22 minutos de "the gates of delirium" do YES, sei cantar Köbaia, e entendo as letras do Peter Hammill. Mas, enfim, eu sou um anacrônico mesmo. Por isso vou pôr aqui os dois discos essenciais para (gostar) e conhecer a estética do rock progressivo. Basicamente, os discos foram feitos entre os anos de 1969-1974 - o período mais prolífico e importante para o gênero. Não há ordem de importância. Todos os discos formam o mosaico sonoro que o caracteriza: arranjos inspirados em música clássica/jazz, experimentalismo, com harmonias complexas, discos conceituais, músicas com longa duração e com alto grau de dificuldade técnica.

King Crimson - In the court of Crimson King



Talvez seja um dos discos mais importantes não só para rock progressivo, mas para o rock como um todo. Está lá ao lado de Sgt. Peppers e Pet Sounds como fonte de inspiração para uma geração de músicos. E até hoje provoca deslumbre de quem ouve a mescla de psicodelia/jazz/rock. Liderados pelo excêntrico guitarrista Robert Fripp, os músicos do King Crimson produziram uma miscelânea sonora única. O disco se incia com a loucura esquizofrênica de "21st century schizoid man" com muita improvisação e flerte com o Free jazz - talvez influenciado pelo estilo jazzístico de Michael Giles (bateria). Com o fim da tempestade vem a calmaria no dedilhar do violão - na ode ao existencialismo - em "I Talk to the Wind", que é cantada pela voz marcante de Greg Lake (baixo) e é finalizada com um belíssimo solo de flauta de Ian Macdonald. Em "Epitaph" se segue o clima bucólico da música anterior com a adição do mellotron que faz a sustentação para a música. O destaque da música fica por conta da letra, um alerta quanto ao futuro da humanidade, escrita por Peter Sinfield. Mesmo não tocando nenhum instrumento era considerado um membro do grupo, sua função era escrever as letras - o que fazia com perfeição. Moonchild é marcada pelo improviso exagerado e pela psicodelia (eu não gosto desta música). Por fim, a música final é a que dá nome ao disco. Com uma introdução marcante a música vai evoluindo de forma orquestral com a ajuda do mellotron e um pequeno coro. Uma curiosidade, esta música faz parte de uma cena do filme "Filhos da esperança" (2006).

Yes - Close to the Edge


Depois de algumas mudanças de formação entre os anos de 1969 e 1972, o Yes, enfim, encontrou a formção ideal: Jon Anderson (voz, violão, percussão), Chris Squire (Baixo), Steve Howe (Guitarra), Richard Wakeman (Teclados) e Bill Bruford (Bateria). No começo de 72 já haviam lançado um disco de grande sucesso comercial "Fragile", mas entre um show e outro a banda se enfurnava no estúdio e começava a trabalhar em músicas novas. A idéia era de construir uma obra conceitual. No estúdio, a banda ensaiava e criava trechos musicais que iam sendo colados e o vocalista, Jon Anderson, adaptava a música as suas letras (muito do que escreveu foi inpirado pela leitura do livro "Sidharta" de Herman Hesse). A letra busca a plenitude espiritual, e o alcance de estados em que a mente humana se encontra absolutamente completa e plena. Assim surgiu o "close to the edge". A obsessão pela perfeição musical passou a ser o tom da banda com o início das gravações. E isso foi um dos motivos para a saída do baterista Bill Bruford. A música que dá nome ao disco é uma obra de 18 minutos divida em 04 partes que se inicia e termina da mesma forma - sons de pássaros, água e vento. Inicia com uma cacofonia, uma complexa harmonia com os instrumentos soando independentes, passa pela calmaria dos trechos guiados pelo tecladista Richard Wakeman e termina com o grupo executando frases musicais intricadas e d grande complexidade. A música não é só técnica. Ela é o canal para que a mensagem, o conceito estético, seja completamente entendido pelo ouvinte. A música seguinte, "And you and I", também é dividida em 04 partes. No entanto, ela é calcada nos violões de Howe e nos climas do mellotron/minimoog de Richard Wakeman. Por fim, temos "Siberian khatru" que apesar de não possuir divisões, como as duas canções anteriores, contém várias melodias e a polirritmia conduz música.

1 comment:

Cleo Lima said...

essencial.